por Angela
Acosta Giovanini de Moura
RESUMO: A bandeira
e o brasão de Quirinópolis constituem símbolos municipais que trazem, em seus
elementos, características de sua história, bem como as expectativas atuais e
futuras da população em direção ao progresso. O presente artigo procurou, por
meio de uma pesquisa documental, compreender a relação existente entre os
símbolos cívicos do município e o processo de desenvolvimento da região. A relevância da pesquisa vincula-se à necessidade
de ser resgatado o respeito aos símbolos municipais, dada a sua importância
para a cultura local.
INTRODUÇÃO
A história de Quirinópolis, marcada pelo ideal progressista
de seu povo, foi delineada nos símbolos do município: a bandeira, definida pela
Lei nº 633, de 20 de novembro de 1969 , e o brasão, criado pela Lei nº 1906, de 12 de março de 1993.
A importância dos símbolos oficiais relaciona-se com a
ideia que veiculam a respeito de sua gente, referente às suas lutas em favor do
crescimento e desenvolvimento de seu território, aos seus hábitos, às suas
crenças e às expectativas em relação ao futuro de sua região.
Neste aspecto, os símbolos oficiais do município de
Quirinópolis procuraram retratar, em cada elemento que o compõe, as iniciativas
vanguardistas do grupo de migrantes
mineiros e paulistas, liderados por Custódio Lemes do Prado, João Crisostomo de
Oliveira e Castro, José Ferreira de Jesus e outros, que deixaram suas plagas
para fincar o progresso nessas estâncias, até então totalmente desabitadas.
Importa considerar que o propósito daqueles primeiros
desbravadores sertanejos de prosperar nesse solo, abrindo caminhos, pontes,
estradas, para cultivarem a terra e fazê-la produzir, conduzia o projeto político
de instalar nessas paragens uma comunidade povoada por homens e mulheres
comprometidos com o trabalho em prol do progresso.
Desta forma, é possível pontuar que a ocupação
demográfica do território quirinopolino acentuou-se no final do século XX,
quando a decadência do período da mineração do ouro levou desbravadores mineiros
e paulistas buscarem alternativas àquela atividade econômica que sinalizava
escassez.
Assim, incentivados pela política do governo estadual que
isentava de impostos a criação de gado, avançaram a fronteira para ocupar os espaços vazios
desta região, objetivando a criação de bovinos.
A contribuição do sudoeste
goiano para o progresso econômico do estado de Goiás foi dirigida, ainda, pela
estratégia desenvolvimentista do governo Vargas, no período do Estado
Novo, visando a ocupação e o crescimento do interior do Brasil.
Nesse período, o distrito de
Nossa Senhora d`Abadia do Paranaíba, pertencente à cidade de Rio Verde,
recebeu, por iniciativa da Câmara Municipal daquele município, o nome de Quirinópolis,
em homenagem a José Quirino Cardoso, importante pecuarista e agente ativo do
desenvolvimento local, que também marcou sua passagem na região como juiz
distrital.
Em 22 de janeiro de 1944,
deu-se a instalação do município de Quirinópolis, pouco menos de um mês depois
de sua efetiva emancipação política, em 31 de dezembro de 1943. Nesse período,
a cidade possuía aproximadamente cinquenta residências cobertas de telhas,
várias casas de comércio, destacando-se os estabelecimentos comerciais de
Lázaro Xavier e de José Quintiliano Leão, o armazém Irmãos Hércules e a
farmácia de Gilberto d’Aparecida Ferreira. Havia, ainda, a escola Ricardo
Campos, o prédio da prefeitura municipal, a cadeia pública e a residência
destinada aos policiais militares (PARREIRA; MATTOS, 2010, p.38).
A cidade se desenvolvia sob
os auspícios da pecuária e da agricultura. A intensificação dos desmatamentos na região, para
a formação de pastagens e lavoura, oportunizadas pelas técnicas implementadas
pela Embrapa, ensejou a formação de uma agricultura de mercado, levando o sudoeste
goiano, impulsionado pelo ideal produtivista, a se destacar como grande
produtor de alimentos.
Em Quirinópolis, o plantio
de arroz e algodão seguia a demanda do mercado na época. A técnica agrícola
rudimentar com uso intensivo da força humana e animal nas plantações, sem
métodos científicos de organização, exigia numeroso emprego de trabalhadores
braçais.
À época, o nordeste brasileiro sofria
estagnação econômica, em razão das constantes secas, deflagrando um
processo migratório que levou milhares
de pessoas a abandonarem suas casas no sertão brasileiro em busca de outras
terras mais prósperas, por falta de alternativa agrícola e políticas sociais na
região.
Neste contexto, Quirinópolis
foi o ponto de parada de muitos nordestinos, especialmente os migrantes do estado
do Rio Grande do Norte, que aportaram na cidade atraídos pelos convites dos
agricultores para reforçarem as fileiras de trabalhadores nas fazendas de
arroz, algodão e milho.
A mão de obra nordestina na
zona rural acelerou o desenvolvimento da
cidade, inspirando o então prefeito municipal, Hélio Campos Leão, em seu
terceiro mandato (1966 a 1970), a associar na bandeira de Quirinópolis à atividade
econômica que permeou o desenvolvimento local.
Mais tarde, passadas duas
décadas, quando a agricultura, como atividade econômica principal da cidade, se
solidificou, o prefeito à época, Sodino Vieira de Carvalho, promoveu a criação
de outro símbolo cívico, o brasão, que deveria também projetar, por meio de
seus elementos, os auspício de progresso prenunciados por seu idealizador.
A
BANDEIRA MUNICIPAL
A ideia da bandeira
quirinopolina foi materializada por iniciativa do prefeito Hélio Campos Leão,
na Lei nº 633, de 20 de novembro de 1969, aprovada pela Câmara Municipal.
Com o formato de 100x40 cm,
na cor verde, traz, em seu interior, um losângulo amarelo, onde se encontra um
círculo branco e nele inserido um escudo português em formato clássico,
dividido em listas verde-amarelas, trazendo no centro, em cor azul, um mapa do
estado de Goiás, destacando-se a
localização do Distrito Federal, Goiânia e Quirinópolis. Na parte
superior do escudo há um campo branco, onde se visualiza um trator e um boi, e
uma faixa amarela com os dizeres LEITE E MEL. Ladeando o escudo, há um ramo de
flor de arroz e de algodão e ao pé há outra faixa amarela com o nome de Quirinópolis,
com a data se sua emancipação política-administrativa, em 31 de dezembro de 1943.
A lei que criou a bandeira
fez nela inserir os símbolos da atividade econômica que imprimiu celeridade no desenvolvimento
de Quirinópolis. As atividades agrícolas e pecuária constituem fator dominante que
impulsionaram o crescimento do município, desde o seu primórdio aos dias
atuais.
As palavras Leite e Mel,
estampadas em uma faixa amarela - retratando riqueza-, simboliza a prosperidade
que sempre permeou o progresso local.
Neste aspecto, procurou-se
resgatar a imagem mosaica retratada no Êxodo bíblico, capítulo 3, versículo
8, referente a libertação do povo Hebreu do jugo egípcio e
sua condução à terra prometida, uma terra que mana leite e mel.
Desta
forma, o então prefeito de Quirinópolis e idealizador da bandeira, Hélio Campos Leão, procurou eternizar, por meio dessa simbologia
bíblica, a ideia de que esta terra também "mana leite e mel”, sendo,
portanto, um local abençoado, acolhedor, alegre, economicamente promissor e com abundantes
possibilidades de trabalho. Leite é figura de alimento vital, saudável, que dá
o crescimento. Mel simboliza a fecundidade, a pureza, a longevidade, a saúde e
a doçura.
Passadas quatro décadas da
instituição legal da bandeira, os dizeres que a ostentam soam cabalísticos, porquanto a cidade se
tornou, seguindo a visão de Helio Leão, uma região promissora para a
agricultura, atualmente pontuada pelo cultivo de cana-de-açúcar, a mais doce de
todas as culturas, acenando com a promessa de levar Quirinópolis ao pódio dos
maiores produtores de açúcar e energia limpa do país e, quiçá, do mundo.
O BRASÃO
Um brasão, na tradição europeia medieval, é um desenho especificamente criado que, obedecendo às regras da heráldica[2], tem o propósito de identificar indivíduos, famílias, clãs, corporações, cidades, regiões e nações.
É importante notar que um
brasão constitui um símbolo cívico que traduz uma linguagem própria que denota
a história e as características do
município.
Em
Quirinópolis, o brasão foi instituído pela Lei nº 1906, de 12 de março de 1993, de iniciativa
do Poder Executivo, à época, Sodino Vieira de Carvalho, em sua segunda gestão a
frente da prefeitura municipal . É constituído de um escudo, de tradição
lusitana, tendo na sua parte inferior, do lado esquerdo, a bandeira do estado de Goiás, como referência
honrosa ao compromisso cívico de amor e respeito ao Estado; ainda na parte
inferior, do lado direito, uma homenagem à comunidade quirinopolina, como premissa de um relacionamento humano e
igualitário entre todos; na parte superior, do lado esquerdo, retrata-se a
agropecuária, como fonte geradora de riqueza do município; e, no lado direito,
a vista panorâmica do município antevisto como uma grande metrópole. No lado
externo do Brasão, inseriu-se as imagens do milho e da soja, como culturas
predominantes do município e, finalmente, cobrindo o Brasão, na parte inferior,
uma faixa vermelha com o nome de Quirinópolis, na cor branca.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os
símbolos do município de Quirinópolis, evidenciados por manifestações gráficas possuem
importante valor histórico, porquanto
foram criados para transmitir o sentimento de união e civismo da comunidade.
Essas
representações, traduzidas na bandeira e no brasão, expressam a imagem da
população e, consequentemente, das administrações que a dirigiu, representando,
também a identidade do município, a sua evolução política, administrativa e
econômica, bem como os seus costumes e tradições.
Os
elementos formadores dos símbolos de Quirinópolis evidenciam as aspirações e os ideais progressistas
da comunidade local, objetivando traduzir convicções e valores que se
apresentam como indispensáveis para a sobrevivência da cultura local, impondo-se,
por isso, sejam difundidos como componentes da história do município.
REFERÊNCIAS
Quirinópolis.
Lei nº 633, de 20 de novembro de 1969. Cria a Bandeira de Quirinópolis e dá outras
providencias.
Quirinópolis. Lei nº 1906, de 12 de março de 1993. Cria o Brasão do Município de Quirinópolis e
dá outras providencias.
MATTOS. Georgides
de Souza. Resumo Histórico de
Quirinópolis. Arquivo pessoal datado de 09 de março de 1988.
PARREIRA. Airosa
Martins; MATTOS. Gerorgides de Souza. Quirinópolis:
mãos e olhares diferentes. Goiania: Kelps, 2010.
RIBEIRO. Angelo
Rosa. Salve a bela bandeira de Quirinópolis! . Disponível em <http://horadoangelook.blogspot.com.br/2010/03/salve-bandeira-de-quirinopolis-leite-e.html> Acesso em 05/04/2012.
WIKPÉDIA. Heráldica. Disponível em <
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Her%C3%A1ldica>
Acesso em 12/04/2012