A ocupação demográfica do território quirinopolino
remonta ao século passado, quando a decadência do período da mineração do ouro levou
desbravadores mineiros e paulistas a buscar alternativas econômicas.
Assim, incentivados pela política do governo estadual que
os isentava de impostos sobre a criação de gado, avançaram a fronteira para ocupar os espaços vazios
desta região, objetivando a criação de bovinos.
A contribuição do sudoeste
goiano para o progresso econômico do estado de Goiás foi pontuada, ainda, pela
estratégia desenvolvimentista do governo Vargas, no período do Estado
Novo, visando a ocupação e o crescimento do interior do Brasil.
Nesse período, o distrito de
Nossa Senhora d`Abadia do Paranaíba, pertencente à cidade de Rio Verde,
recebeu, por iniciativa da Câmara Municipal daquele município, o nome de Quirinópolis,
em homenagem a José Quirino Cardoso, que marcou sua passagem como juiz
distrital, importante pecuarista e agente ativo do desenvolvimento local.
Em 22 de janeiro de 1944,
deu-se a instalação do município de Quirinópolis, pouco menos de um mês depois
de sua efetiva emancipação política, em 31 de dezembro de 1943. Nesse período,
a cidade possuía aproximadamente cinquenta residências cobertas de telhas,
várias casas de comércio, destacando-se os estabelecimentos comerciais de
Lázaro Xavier e de José Quintiliano Leão, o armazém Irmãos Hércules e a
farmácia de Gilberto d’Aparecida Ferreira. Havia, ainda, a escola Ricardo
Campos, o prédio da prefeitura municipal, a cadeia pública e a residência
destinada aos policiais militares.
A cidade se desenvolvia sob
os auspícios da pecuária e da agricultura. A intensificação dos desmatamentos na região, para
a formação de pastagens e lavoura, oportunizadas pelas técnicas implementadas
pela Embrapa, ensejou a formação de uma agricultura de mercado, levando o sudoeste
goiano, impulsionado pelo ideal produtivista, a se destacar como grande
produtor de alimentos.
Em Quirinópolis, o plantio
de arroz e algodão seguia a demanda do mercado na época. A técnica agrícola
rudimentar com uso intensivo da força humana e animal nas plantações, sem métodos científicos de organização, exigia
numeroso emprego de trabalhadores braçais.
À época, o nordeste brasileiro sofria
estagnação econômica, em razão das constantes secas, deflagrando um
processo migratório que levou milhares
de pessoas a abandonarem suas casas no sertão brasileiro por falta de
alternativa agrícola e políticas sociais na região, em busca de outras terras
mais prósperas.
Neste contexto, Quirinópolis
foi o ponto de parada de muitos nordestinos, especialmente os migrantes do estado
do Rio Grande do Norte, que aportaram na cidade atraídos pelos convites dos
agricultores para reforçarem as fileiras de trabalhadores nas fazendas de
arroz, algodão e milho.
A mão de obra nordestina na
zona rural acelerou o desenvolvimento da
cidade, inspirando o então prefeito municipal, Hélio Campos Leão, em seu
terceiro mandato (1966 a 1970), a reunir a simbologia que retratasse a história
de Quirinópolis para compor a sua bandeira.
A ideia da bandeira
quirinopolina foi materializada pela lei de iniciativa do prefeito Hélio Campos
Leão, n. 633, de 20 de novembro de 1969,
aprovada pela Câmara Municipal.
Com o formato de 100x40 cm,
na cor verde, traz, em seu interior, um losângulo amarelo, onde se encontra um
círculo branco e nele inserido um escudo português em formato clássico,
dividido em listas verde-amarelas, trazendo no centro, em cor azul, um mapa do
estado de Goiás, destacando-se a
localização do Distrito Federal, Goiânia e Quirinópolis. Na parte
superior do escudo há um campo branco, onde se visualiza um trator e um boi, e
uma faixa amarela com os dizeres LEITE E MEL. Ladeando o escudo, há um ramo de
flor de arroz e de algodão e ao pé há outra faixa amarela com o nome de Quirinópolis,
com a data se sua emancipação política-administrativa, em 31 de dezembro de 1943.
A lei que criou a bandeira
fez nela inserir os símbolos da riqueza econômica que marcava Quirinópolis na
época. A agropecuária foi o fator dominante no desenvolvimento da cidade e da
região. As inscrições, Leite e Mel, que lhe foram gravadas, simboliza a
prosperidade que sempre permeou o
progresso local.
Conta Moisés, no Êxodo
bíblico, capítulo 3, versículo 8, ter
ouvido do Senhor a mensagem para que libertasse o povo Hebreu do jugo egípcio e
o conduzisse à terra prometida, uma terra que mana leite e mel.
O então
prefeito de Quirinópolis e idealizador
da bandeira, Hélio Campos Leão, procurou
eternizar, por meio dessa simbologia bíblica, a ideia de que esta terra também
"mana leite e mel” , sendo, portanto, um local de abundância, rico em
bênçãos, farto, tanto em alimento quanto em alegrias. Leite é figura de
alimento vital, saudável, que dá o crescimento. Mel é figura de coisas gostosas,
doces ao paladar.
Passadas quatro décadas da
instituição legal da bandeira, os dizeres que a ostentam soam cabalísticos, porquanto a cidade se
tornou, seguindo a visão de Helio Leão, uma região promissora para a
agricultura, atualmente pontuada pelo cultivo de cana-de-açúcar, a mais doce de
todas as culturas, acenando com a promessa de levar Quirinópolis ao pódio dos
maiores produtores de açúcar e energia limpa do país e, quiçá, do mundo.